terça-feira, 18 de maio de 2010




Quando um primeiro-ministro coloca um imposto ao nível de um refrigerante, torna-se ele próprio um detergente. Mas há dislates que são como nódoas: não se limpam. Quando se equipara um detergente ao leite e ao pão para defender o indefensável (o aumento da taxa do IVA de 5% para 6%), Sócrates mostrou que já não diferencia a realidade da ficção. Para ele, "Avatar" é a realidade e a sopa dos pobres a ficção. Esta crise necessita de sacrifícios. Mas precisa também de políticos crescidos. A trapalhada em que se encontra Portugal deve muito ao que Sócrates fez nos últimos anos. A desculpa para os seus erros não pode ser um refrigerante com borbulhas. Na primeira legislatura Sócrates teve tudo para reformar o Estado e para definir um modelo económico para Portugal. Agora é tarde. Esta crise é de identidade. Porque é uma crise de quem nunca cresceu politicamente e que fez da política um jogo do Ken e da Barbie.(...) Sócrates, quando pôde, não promoveu a verdadeira reforma: a do Estado. Agora, feito em fanicos, afaga as suas mágoas em refrigerantes com gás.

Fernando Sobral